Imagine comigo a seguinte cena: uma fábrica que produz produtos alimentícios realiza sua produção de forma não sustentável, gastando recursos desnecessários, descartando resíduos em lugares impróprios que prejudicam o ambiente em volta da fábrica tanto no sentido ambiental e de saúde; dentro a empresa é um ambiente igualmente tóxico, chefes que abusam de seus liderados e lideradas, discriminação, racismo, abusos morais e uma governança que não lida com os problemas, mas somente com a tentativa da ampliação do lucro. Contando assim parece um filme de terror, mas a pergunta em questão é: essa empresa, por mais lucrativa que ela seja, é de fato sustentável?
Colocando em uma perspectiva de longo prazo, a resposta é não! Daqui a 10, 20 anos provavelmente a empresa terá que se mudar de cidade, pois a poluição proveniente da falta de gestão dos resíduos transformou aquela localidade de tal forma que não é viável a produção de qualquer produto naquele lugar, e isso irá gerar custos enormes. Outro ponto é a rotatividade operacional que será tão grande devido a uma cultura construída em torno dos abusos que os gastos anuais com treinamento e contratação também serão desproporcionais. A segunda questão é: será que essa é uma empresa sustentável, tanto no ponto de vista econômico quanto no ponto de vista de ESG?
A sigla ESG (Environmental, Social e Governance) - ambiental, social e governança foi um conceito criado em 2004 por uma iniciativa criada pela ONU chamada “The Global Compact”. Essa iniciativa criou um relatório chamado “Who Cares Wins” (Quem cuida ganha) onde é comentado a importância de uma gestão integrada nas questões ambientais, sociais e de governança, quebrando a percepção de que empresas são um órgão independente da sociedade, mas que suas ações têm impacto que dialogam com toda a comunidade, até mesmo o seu lucro.
Para cada ponto de ESG ele traz uma relação de atenção para diversos pontos que as empresas precisam olhar e criar iniciativas de mensuração para essas questões.
Environmental (Ambiental):
- Aquecimento global e riscos relacionados;
- Economia circular;
- Trazer inovação através de produtos mais sustentáveis;
- Redução de desperdícios de água;
- Mapear a cadeia de produção e auxiliar na sustentabilidade ambiental.
Social:
- Diversidade e Inclusão;
- Trabalho seguro e saudável;
- Relação com a comunidade no entorno;
- Garantia de direitos humanos para a empresa e seus fornecedores/cadeia de produção
- Auxiliar a sociedade civil em busca de transparência de suas ações.
Governança:
- Composição de um conselho;
- Construção de um comitê de auditoria;
- Gerenciamento da corrupção;
- Prestação de contas de suas práticas em busca de uma maior transparência;
- Relação com o Primeiro e Terceiro Setor.
ESG não é uma nova tendência. É importante marcar que este relatório tem mais de 17 anos desde o seu lançamento e felizmente essas práticas estão se tornando mais populares graças a estudos como o do BCG, que comprovou através de uma análise que empresas com políticas estruturadas de ESG são mais lucrativas e sustentáveis a longo prazo.
Precisamos estruturar políticas que dialoguem com os problemas sociais, já que empresas fazem parte da sociedade e podem ter uma gestão regenerativa, ou seja, além de gerarem lucro podem estar melhorando o mundo com a sua existência. Nós da TROCA estamos ajudando diversas empresas a construir políticas de ESG. Sua empresa ainda não tem uma política estruturada? Podemos lhe ajudar a construir um lugar melhor para todes!
Referências
1- Who care wins - https://d306pr3pise04h.cloudfront.net/docs/issues_doc%2FFinancial_markets%2Fwho_cares_who_wins.pdf
2 - Companies That Lead on Societal Impact Reap Financial Benefits - https://www.bcg.com/pt-br/press/25october2017-total-societal-impact